Cada vez é mais difícil ter um papel interventivo na estrutura política nacional. Os sucessivos exemplos vindos de gente que desempenha ou desempenhou funções públicas com elevadas responsabilidades não abonam nada a favor da participação política.
Os próprios partidos vão tendo cada vez mais dificuldades em falar na linguagem das pessoas e de se demarcarem de práticas menos aceitáveis por parte de destacados dirigentes.
O divórcio entre cidadãos e política não se verifica apenas nas camadas mais jovens. É uma realidade tão presente que já são crescentes as vozes a favor
(do partido) da abstenção já em 2009.
É preciso envolver mais as pessoas na promoção do bem comum. Temos gente com qualidade em todas as áreas mas, infelizmente, a grande maioria não se quer "queimar" na cena política. Este é um dos principais problemas que desenvolvemos nas últimas décadas e urge iniciar um combate em torno da dignificação do desempenho de funções públicas e em torno de uma cada vez maior participação dos cidadãos na definição da
res publica.
É por esta mesma razão que movimentos independentes vão tendo cada vez maior peso na nossa sociedade, mas é sobretudo por esta razão que se vão proliferando os espaços de reflexão estratégia sobre assuntos diversificados, debatidos por especialistas e pessoas comuns, um pouco à margem dos partidos ora existentes.
Em cima, destaco a plataforma criada por Passos Coelho, porque considero premente que comecemos a construir ideias fortes para o futuro do nosso país.
Mais do que discutirmos caras, feitios e personalidades, temos que discutir seriamente quais as ideias que queremos para um Portugal moderno e competitivo, capaz de gerar riqueza e redistribui-la para uma efectiva diminuição das desigualdades sociais.
Vivemos uma situação altamente preocupante em termos internacionais com inegáveis consequências na nossa frágil arquitectura financeira e económico-social.
E é nestas alturas críticas que as pessoas se viram para o Estado, pelo que é também nestas alturas que o sector público e seus intervenientes têm que dar uma resposta cabal aos problemas surgidos.
Esta resposta só pode passar, em termos locais e nacionais, por um maior envolvimento da população na definição do rumo a seguir.
As pessoas não podem ser chamadas a intervir unicamente de 4 em 4 anos em altura de eleições. O direito ao voto e a cruzinha à frente do "nosso" candidato não pode ser o único meio de se intervir na definição do futuro das nossas localidades.
Temos que construir ideias nas nossas empresas, nas nossas famílias, nos nossos municípios e no nosso dia-a-dia para que não corramos o risco de cair num angustiante vazio...
O descrédito que se sente e se vive um pouco por todos os sectores e um pouco por todo o país tem que ser combatido, a bem das gerações vindouras que não têm culpa nenhuma dos erros cometidos no passado...