Trinta e três anos de liberdade e democracia não foram manifestamente suficientes para erradicar a cultura salazarenta deste sítio cada vez mais mal frequentado. Os sinais aí estão, à luz do dia, uns mais mediáticos do que outros. O último foi o processo disciplinar instaurado a um professor por uma Torquemada socialista da Direcção Regional de Educação do Norte.
A história em si resume toda uma situação, toda uma cultura. O professor Charrua disse uma graçola num gabinete sobre o senhor Presidente do Conselho e o bufo de serviço foi de imediato comunicar o crime à senhora Margarida. Tudo perfeito, tudo oficial, tudo politicamente correcto. Tão correcto que o PS do Porto, o do Rato, a senhora ministra da Educação Nacional e o próprio senhor Presidente do Conselho entendem que o assunto deve seguir os seus trâmites e a Torquemada tem toda a legitimidade para permanecer no job.
Num país a sério, democrático, em que a liberdade não fosse apenas uma palavra invocada em vão, a senhora Margarida não estava num lugar oficial, os bufos eram uma raça desprezada e socialmente condenada e o processo ao professor Charrua era pura e simplesmente deitado para o caixote do lixo. Mas aqui, neste sítio, não. Quem se mete com o senhor Presidente do Conselho leva. É para isso que existem os boys e as girls estrategicamente colocados em tudo o que é tacho público e é para isso, também, que existem os bufos, girls e boys de segunda e terceira linhas do partido único do Estado.
Mas esta prática, esta cultura não se revelou apenas no caso Charrua. Só quem não quer ver, mete a cabeça na areia e enche a boca de palavras cheias de coisa nenhuma é que não se apercebe de que a bufaria voltou a ocupar um lugar importante neste Estado cada vez mais salazarento. Ou por acaso já se esqueceram do apelo feito aos 700 mil funcionários públicos para se vigiarem uns aos outros e denunciarem às autoridades os suspeitos de corrupção? Ou da sugestão do senhor ministro da Saúde para os cidadãos chamaram a polícia sempre que virem, cheirarem ou suspeitarem da presença de um cigarro na boca de um dos muitos criminosos que ainda não desistiram de fumar? Ou da chamada monitorização de rádios, televisões, jornais e blogues feita pela Entidade Reguladora da Comunicação Social? Ou do novo Estatuto do Jornalista que institui um tribunal especial para julgar e condenar os jornalistas de sarjeta ou de salão?
E é assim que o pântano de Guterres, a tanga de Barroso e o Carnaval de Santana estão a voltar ao velho e bafiento reino da bufaria.
A história em si resume toda uma situação, toda uma cultura. O professor Charrua disse uma graçola num gabinete sobre o senhor Presidente do Conselho e o bufo de serviço foi de imediato comunicar o crime à senhora Margarida. Tudo perfeito, tudo oficial, tudo politicamente correcto. Tão correcto que o PS do Porto, o do Rato, a senhora ministra da Educação Nacional e o próprio senhor Presidente do Conselho entendem que o assunto deve seguir os seus trâmites e a Torquemada tem toda a legitimidade para permanecer no job.
Num país a sério, democrático, em que a liberdade não fosse apenas uma palavra invocada em vão, a senhora Margarida não estava num lugar oficial, os bufos eram uma raça desprezada e socialmente condenada e o processo ao professor Charrua era pura e simplesmente deitado para o caixote do lixo. Mas aqui, neste sítio, não. Quem se mete com o senhor Presidente do Conselho leva. É para isso que existem os boys e as girls estrategicamente colocados em tudo o que é tacho público e é para isso, também, que existem os bufos, girls e boys de segunda e terceira linhas do partido único do Estado.
Mas esta prática, esta cultura não se revelou apenas no caso Charrua. Só quem não quer ver, mete a cabeça na areia e enche a boca de palavras cheias de coisa nenhuma é que não se apercebe de que a bufaria voltou a ocupar um lugar importante neste Estado cada vez mais salazarento. Ou por acaso já se esqueceram do apelo feito aos 700 mil funcionários públicos para se vigiarem uns aos outros e denunciarem às autoridades os suspeitos de corrupção? Ou da sugestão do senhor ministro da Saúde para os cidadãos chamaram a polícia sempre que virem, cheirarem ou suspeitarem da presença de um cigarro na boca de um dos muitos criminosos que ainda não desistiram de fumar? Ou da chamada monitorização de rádios, televisões, jornais e blogues feita pela Entidade Reguladora da Comunicação Social? Ou do novo Estatuto do Jornalista que institui um tribunal especial para julgar e condenar os jornalistas de sarjeta ou de salão?
E é assim que o pântano de Guterres, a tanga de Barroso e o Carnaval de Santana estão a voltar ao velho e bafiento reino da bufaria.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista
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