Uma sondagem para a SIC, o Expresso e a Renascença, cujos principais resultados vamos divulgar no Jornal da Noite de hoje, aponta para o esperado: os eleitores portugueses não estão mobilizados para participar no referendo sobre a despenalização do aborto e há um risco real de a participação ficar aquém dos 50% necessários para tornar o resultado do referendo vinculativo.
A sondagem tem poucas surpresas, confirmado que o Norte é pelo não, o Sul pelo sim, que os meios rurais estão pela manutenção do actual regime legal e os eleitores urbanos optam pela mudança. Mas há um dado que dá que pensar: as mulheres estão em maioria entre os defensores do sim, os homens são quem mais pesa entre os adeptos do não.
Os resultados desta sondagem - os esperados e os mais surpreendentes - parecem indicar que a convocação do referendo foi um erro, porque o debate está transformado num esgrimir de dogmas, e não numa discussão aberta de ideias baseadas em princípios científicos. Dir-se-á - e com razão - que retirar o poder de decidir aos iluminados e dá-lo ao povo é a essência da democracia e que um referendo é a sua expressão máxima.
Pena é que este referendo não tenha sido convocado como uma afirmação democrática, mas antes como um gesto digno de Pilatos, deixando para os outros decisões que o Governo tinha mandato para assumir. Resta-nos agora esperar - e contribuir para - que esta pseudo manifestação de crença na democracia não se transforme num rude golpe para a própria democracia.
Onde ficará a credibilidade do regime se, pelo segunda vez consecutiva, um referendo não tiver o grau de participação necessário para que se torne vinculativo?
Os resultados desta sondagem - os esperados e os mais surpreendentes - parecem indicar que a convocação do referendo foi um erro, porque o debate está transformado num esgrimir de dogmas, e não numa discussão aberta de ideias baseadas em princípios científicos. Dir-se-á - e com razão - que retirar o poder de decidir aos iluminados e dá-lo ao povo é a essência da democracia e que um referendo é a sua expressão máxima.
Pena é que este referendo não tenha sido convocado como uma afirmação democrática, mas antes como um gesto digno de Pilatos, deixando para os outros decisões que o Governo tinha mandato para assumir. Resta-nos agora esperar - e contribuir para - que esta pseudo manifestação de crença na democracia não se transforme num rude golpe para a própria democracia.
Onde ficará a credibilidade do regime se, pelo segunda vez consecutiva, um referendo não tiver o grau de participação necessário para que se torne vinculativo?
Paulo Camacho
Jornal da Noite
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